Estava
pensando nos grupos
e de repente me dei conta:
como é difícil manter-se em situação.
Muitos
querem tirar-nos dela.
São aqueles que se mantém em confusão.
Porque
seguro estou
de por ela termos de passar (a confusão)
porque é o primeiro momento
que todo grupo atravessa
a caminho de sua organização.
Conta-nos
Sartre, e outros também,
que os grupos primeiro se formam
do coletivo (série) tentando sair.
Reúnem-se aqueles que conseguiram
com o OUTRO falar
e, nesse
momento, não mais
eu, com você, quero falar!
Falando
já estamos, companheiro,
mas falta algo mais
Com quem você veio?
Com um amigo, e talvez mais!
Eu também tenho um, e outros mais.
Pois adiante, quando nos reunimos?
E assim
há de começar
uma, duas e mais reuniões também.
É um momento de FUSÃO.
O denominador é a CON-FUSÃO.
Mas,
seguramente
deste momento há que sair,
porque o homem em SITUAÇÃO
não pode permanecer na confusão,
embora, por ela, sempre tenha que passar:
esse é o caminho do viver.
Não
vem quem não passa pela confusão.
Não vem quem fica na confusão.
Porque
é um momento do todo
em sua totalidade
Mas não há de ser
a totalidade do todo.
Na primeira
reunião,
Já se falou de TAREFA.
Só se a anunciou
mas o grupo se centrou.
Porque
não há grupo sem tarefa.
Essa é uma realidade:
explícita ou latente,
sempre ela existe.
Ao passar
pelo momento da fusão,
dois caminhos hão de sobrar:
um, cego e sem rumo,
sustém a confusão
Não consegue outra coisa
do que manter o terror e a violência.
É o caminho do JURAMENTO
Quem sabe
um dos mais comuns da atualidade.
Um líder
forte e autocrático
as normas há de impor
e o resto terá de aceitar
dele, sua autoridade.
É um
gênio! dizem alguns
e assim o grupo toca e dança
uma só canção
Empobrece-se a criação
e o que sobra é:
só estar
Alguém
há de desertar
por já não mais agüentar
esta situação,
que sitia o homem,
e o não o deixa em SITUAÇÃO estar
TRAIDOR
!!!
Escutar-se-á,
e a violência há de imperar,
- Há que castigar o traidor!!!
e este, muito longe há de estar
para não arrebentar
Às vezes passa o tempo e
o perdão
Já não chateia mais
Triste caminho estes grupos percorrem,
sem se separar da serialidade
a ela voltaram através de sua organização.
Só um dirige
e a hierarquia há de imperar
Tornaram-se
estranhos
uns aos outros.
Por já não mais "Com você falar"
Só podem, uns e outros
CONSPIRAR
Selam seu diálogo
com a conjura
e tristes se entregam
à sua solidão
Aprendem
a atuar
com presteza e decisão,
mas não podem decidir
Só a hierarquia
pode pensar e decidir,
e a ela querem chegar.
Mas, para isso,
ao outro devem superar.
Um se
converte no rival do outro.
Já não mais: COM VOCÊ FALAR
Só, com você: DEVO LUTAR!!!
Pode esta situação
por muito tempo perdurar.
Há grupos que do juramento
fazem sua devoção.
Mas
tudo pode mudar
encontrando o caminho
que saída permanente nos dá.
Passo
agora a contar
sobre o outro caminho
o da LIBERDADE.
Os homens
em situação,
terão de passar pela confusão
que é o caminho da fusão
Dele sairão
com normas a comunicar
EM PERMANENTE E DIALÉTICA COMUNICAÇÃO.
Todos
entram na normatização
e as normas saem da totalidade.
Uma autoridade há que existir
para que essas normas faça cumprir,
e esta autoridade será:
Um grupo especial.
Sua
LIDERANÇA, MÚTIPLA será:
vários a exercerão.
Cumprir-se-á a FUNÇÃO
que por isso foi chamada: LIDERANÇA FUNCIONAL.
A organização não está organizada,
mas em permanente organização.
Os sujeitos
não são hoje
o que foram ontem
e o que serão amanhã.
De sua
mudança são responsáveis
e juntamente com os demais, a produzem.
Porque não há coisa mais linda
do que sermos produtores de NOSSA PRODUÇÃO.
Os outros
nos mostram nossas mudanças,
nós lhes mostramos as suas.
Porque
este é o momento da AVALIAÇÃO.
É de novo RECOMEÇAR.
Porque
tornar a começar (ou recomeçar)
não é o mesmo que o começo.
Já na avaliação, diferentes nos vimos
e apesar de podermos ser os mesmos,
ESTAMOS DIFERENTES. SOMOS DIFERENTES.
Uma
tarefa cumprimos
e nela nos conhecemos.
Sei quem você é para mim
trabalhando nesta tarefa.
Sei que você será diferente
trabalhando outra tarefa
Você era para mim, diferente do que é hoje.
Hoje conheço você, junto com o conhecimento
que em CON-JUNTO conseguimos.
Hoje conheço você mais do que ontem
e, seguramente, menos do que amanhã
Já estou propondo
FALAR COM VOCÊ.
Traz um amigo, e outro mais.
Há que recomeçar!!!
De novo
a fusão,
a con-fusão
e esses dois caminhos
De novo a organização,
Olho no juramento!
Seguramente iremos roçá-lo
porque não há coisa mais tentadora
do que estar juramentados.
Os líderes
sempre prontos estão
e aqui me ponho e me EXPONHO
para que vocês também se exponham
e já pondo e expondo estamos !!!
Se só
um é líder, olho no juramento!!!
Se são muitos mais,
liderança múltipla e funcional,
em um momento da tarefa,
só um funciona,
em sua liderança funcional.
Os outros CO-OPERAM
e prontos já estão
para em outro momento liderar.
Que
coisa mais linda
a da liderança múltipla e funcional.
A criação surge como um manancial
nesta modalidade,
onde produtores produzem
e gozam de sua produção.
O produto nunca é final,
ainda que uma etapa seja finalizada,
mas está em permanente
PRINCÍPIO E FINAL
..
..
Comentários
do autor:
Tentei
ler para corrigir, mas
Corrigir para quê?
Escrevi-o
a partir de um "LUGAR", localização tempo-espacial,
representativa do mesmo: outubro de 1979, próximo do fim do primeiro
ano dos cursos regulares de psicologia social do IRDES (Instituto
Rosarino de Estudos Sociais, em Rosário - Argentina [NT]), instituição
à qual pertenço na qualidade de docente e outras tarefas pertinentes.
A
partir dali escrevi: corrigir significaria variar esse lugar e,
então, todas as variáveis que influíram para esta síntese.
Que
o possam ler, teria conseguido um primeiro objetivo; que o possam
criticar, muito mais; que o possam ler, criticar e incorporar
um ECRO e transformá-lo: Obrigado. Haveria, com isso, cumprido
minha necessidade de satisfazer necessidades, que constitui uma
parte de minhas necessidades.
Entre
necessidades e satisfação: Obrigado.
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Carlos Alberto Guerín |
Tradução
de Marco A. F. Velloso (21/01/81)